O BlackBerry Z30 é a mais recente tentativa da empresa canadense de entrar num mercado onde ela nunca se deu muito bem, que é o de smartphones bacanas e bonitos, que deixam de lado a cara corporativa e passam para algo mais cool . Deu certo, do lado de fora, com grande hardware do lado de dentro e esbarrando no mesmo problema que a BlackBerry enfrenta há anos: poucos apps relevantes em sua própria loja virtual. Por dentro do Z30 temos um processador Snapdragon S4 Pro rodando dois núcleos a 1.7 GHz, acompanhado de 2 GB de memória RAM e 16 GB de memória interna - que exibe apps e games em uma GPU Adreno 320.
A embalagem segue o mesmo padrão que foi utilizado no Z10, ou seja, uma caixa de papelão fino, com muitos manuais de instrução (pra que tanto papel, BlackBerry?), carregador de tomada com porta USB, fone de ouvido intra auricular (com borrachas extras e de maiores tamanhos) e um cabo microUSB. Tudo fica jogado dentro da caixa, mas cada coisa em seu saco plástico - que mantém o cheiro de novo, por mais tempo.
O Z30 não é muito diferente de outros smartphones, já que adota um design retangular e com bordas levemente arredondadas - que lembra bastante o Zenfone 5, principalmente por conta da parte inferior da frente, com cor diferente do restante do aparelho. Na frente temos uma tela Super AMOLED de 5 polegadas e resolução de 1280 x 720 pixels, com aproximadamente 294 pixels por polegada e proteção contra riscos leves (mas não é Gorilla Glass). Ainda na frente está uma câmera frontal de 2 megapixels, sensores de luz e proximidade.
Do lado direito ficam botões de controle de volume e botão para controle de voz (que não funciona em português), junto de dois microfones para captura de áudio estéreo para o vídeo - e isolamento de ruído, em chamadas.
Do lado oposto estão entradas microUSB e microHDMI (cabo não vem na embalagem).
Abaixo, apenas uma alça para remover a tampa da bateria.
Acima de tudo fica a entrada para fone de ouvido e botão liga/desliga.
Atrás, em uma textura fosca e emborrachada, fica a câmera de 8 megapixels e um LED para flash - os alto falantes ficam aqui, nas beiradas do aparelho.
Abrindo a tampa, vemos a entrada para o chip da operadora e também entrada para cartão microSD de até 64 GB. A bateria não é removível e conta com 2.880mAh de capacidade - suficiente para mais de um dia de uso moderado, até 25 horas de conversa no telefone e 384 horas de stand-by.
Como qualquer phablet, o Z30 não entrega a melhor ergonomia que você espera de um smartphone - ele é ligeiramente pesado, quando olhamos para concorrentes diretos ou então aparelhos mais parrudos. A traseira emborrachada tenta melhorar a pegada e consegue, já que passa mais segurança e elimina a sensação de que o celular irá escorregar. Seus números são 140,7 milímetros de altura, por 72 milímetros de largura e 9,4 milímetros de espessura, tudo isso somado aos 170 gramas de peso total.
Estes dados entregam um dispositivo que não é desconfortável em um bolso mais apertado, que é fino e não faz espaço até em uma bolsa feminina - que já é bastante econômica em espaço.
O BlackBerry 10 já está no mercado há alguns anos e vem crescendo (e amadurecendo) durante todo esse tempo. Ainda está muito longe de Android e iOS, mas começa a utilizar a fama do sistema operacional móvel do Google para conseguir ser o mais popular. Isso acontece pelo suporte nativo para aplicativos do Android, ou seja, se você jogar um arquivo .apk (instalador de apps do Android), ele será instalado e rodará sem qualquer problema - com alguma limitação de API ou de acesso para recursos que o Z30 pode não ter. Esta aposta é tão grande que a BlackBerry aceita a Amazon Appstore nativamente, que é uma loja de apps e que abre o BB 10 para todo tipo de app existente - sem qualquer necessidade de codificação extra, é só baixar e instalar. Este tipo de suporte ainda não é tão intuitivo, já que é necessário entrar no site da Amazon (pelo navegador do BlackBerry) e depois instalar a loja, para poder utilizar. Todo o sistema operacional continua com a mesma cara, ou seja, tudo é controlado por gestos de fora para dentro da tela. Você pode:
Tudo funciona muito bem e, durante todos os testes, não presenciamos nenhum engasgo do sistema operacional. Mesmo com jogos abertos no fundo e vários apps, tudo rodou numa boa. Isso prova que o processador dual-core, assim como acontece no iPhone, ainda dá conta do recado sem problemas. A tela inicial é separada em duas partes - algo muito semelhante ao que existia no MeeGo. Uma para o BlackBerry Hub/Notificações/Mensagens e outra para todos os apps abertos.
De cima para baixo, na tela já desbloqueada, há uma área para configurações rápidas, como acontece com o Android. Porém, diferente do Android, este local é exclusivo para as configurações - isso significa que você não encontrará nenhuma notificação por aqui. O BlackBerry Hub é uma área que reúne todas as notificações, ligações perdidas e mensagens (SMS, e-mail, MMS, BBM...) que o aparelho recebeu e você não viu ainda. Esta área pode filtrar o conteúdo por notificações, mensagens do Facebook, mensagens do Twitter e mensagens do LinkedIn, chamadas perdidas e mensagens do BBM. Esta área é acessível direto de qualquer app, bastando puxar de baixo para cima e depois jogar a janela do app para a direita. Se você segurar, o app não é trocado e permite uma pequena espiada no que há de novo. É uma forma bastante inteligente de concentrar mensagens, que são assuntos bastante importantes em um smartphone.
A área de multitask permite que até quatro apps mostrem uma prévia ao mesmo tempo, mas se mais apps estiverem abertos ao mesmo tempo, basta rolar a tela para baixo e todos eles são listados - com o limite visual de quatro ao mesmo tempo. A parte onde ficam todos os apps, assim como o iOS e diferente do Android, permite a criação de pastas para organizar os aplicativos em grupos. Também é possível apagar algum jogo ou app a partir de lá, mas apenas alguns. Tudo isso roda com perfeição e com uma beleza que lembra, de certa forma, o falecido webOS.
De fábrica, a BlackBerry já traz alguns apps extras, como o Facebook, Twitter e Foursquare. Da própria casa, encontramos a lista de contatos, um calendário, o famoso BBM, galeria de fotos (que permite a edição de imagens) e um editor de vídeos que pode criar animações utilizando uma música e uma série de fotos ou vídeos. É algo bastante semelhante ao que o iMovie faz no iOS e nos computadores da Apple.
Há uma calculadora (que permite o cálculo de quanto vai ficar uma conta dividida entre os usuários e ainda dá o valor da gorjeta!), serviço próprio de mapas que é um pouco superior ao Apple Mapas, Documents to Go, leitor de etiquetas NFC e de códigos QR e um serviço muito bem vindo de integração com Dropbox e Box.net.
Este serviço permite que um arquivo possa ser enviado para a nuvem sem a necessidade de entrar no app e selecionar o arquivo para o upload. Funciona assim: para subir uma foto, basta entrar na galeria, selecionar "compartilhar" e de lá escolher qual dos serviços de backup online você quer. O BB 10 faz o restante, sozinho.
O navegador é bastante competente, mas leva certo tempo para renderizar a página após o uso do zoom - algo próximo de 1 segundo. Pode levar mais tempo nesta ferramenta, mas depois de carregada a página rola sem nenhuma área que ainda não foi previamente renderizada. A navegação pode ser por abas e há um gerenciador bacana de downloads.
O BlackBerry World, loja de apps da BlackBerry, não conta com uma fração dos bons jogos que existe tanto no Google Play, como na App Store. Porém, a possibilidade de instalar a Amazon Appstore aumenta as possibilidades e tapa (de certa forma) um dos pontos críticos da plataforma. Dentro, temos bons jogos e que rodam muito bem no sistema - mas que rodam melhor em Androids de mesmo hardware ou preço. Testamos o GT Racing 2, que rodou sem travamentos, mas com visível diminuição gráfica - talvez por não ser nativo do BlackBerry.
O player de música é bem simples e reproduz qualquer arquivo MP3 que estiver na memória do aparelho. É possível reproduzir canções com a capa do álbum salva e a partir do player, é possível procurar mais músicas do mesmo artista no BlackBerry World. Infelizmente não é possível cair diretamente na busca do artista, é necessário escrever o nome na loja. A integração apenas abre o BlackBerry World.
O tocador de vídeos conseguiu reproduzir arquivos em até Full HD, que conta com os mesmos controles simples do player de música. Um ponto positivo é que é possível ativar a reprodução do vídeo em um monitor externo (conectado via HDMI), além de ser possível subir um vídeo para o YouTube, de dentro do app.
A câmera do Z30 não é das mais potentes e recheada de recursos, mas faz muito bem o trabalho - muito bem, principalmente quando olhamos smartphones Android com câmeras que são, teoricamente, melhores. O sensor que está na câmera traseira consegue registrar fotos de até 8 megapixels e filma em Full HD, com 30 quadros por segundo. Em fotos com boa luminosidade o resultado é bastante bacana, com pouco ruído e grande número de detalhes visíveis de longe. Em fotos noturnas o granulado aparece com mais intensidade, mas nada que atrapalhe a diversão.
Há um modo de foto que reconhece o rosto da pessoa e registra várias fotos de uma só vez. O objetivo é de trocar a imagem apenas em um local, no rosto, para que olhos piscando não apareçam. Ou então, este mesmo recurso pode ser utilizado para fotos em movimento, quando uma linha do tempo é apresentada e você escolhe a melhor foto, descartando todas as outras. O vídeo, em Full HD, é registrado com as mesmas qualidades das fotos. O som é captado com bastante clareza e o LED de flash pode ser utilizado como lanterna para melhorar filmagens escuras.
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