O Zenfone 6 chega ao mercado brasileiro pouco tempo depois do Zenfone 5, primeiro smartphone da Asus que chegou em território tupiniquim. O irmão mais novo tem o papel de encaixar o produto em um quente mercado de phablets, como opção de custo interessante e processador Intel Atom. Por dentro ele entrega um processador Intel Atom Z2560, com dois núcleos rodando a 1.6 GHz, acompanhado de 2 GB de memória RAM e uma GPU PowerVR SGX544MP2. A embalagem é a mesma que veio com o Zenfone 5, ou seja, um papelão fino, com pequenos furos na lateral (que auxiliam a entrada e saída de ar da caixa) e foto do dispositivo na frente.
Abrindo o pacote encontramos manuais de instruções, carregador de tomada com fio próprio, fone de ouvido intra auricular e, por fim, um cabo USB com ponta microUSB.
O que vemos por aqui é, basicamente, o mesmo que já vimos no Zenfone 5. As diferenças ficam focadas no tamanho do dispositivo e na posição dos botões da lateral (que encaixam melhor para o uso de duas mãos, do que para o de apenas uma). Na frente temos uma tela IPS de 6 polegadas, com resolução de 1280 x 720 pixels, densidade aproximada de 245 pixels por polegada, botões sensíveis ao toque na parte da frente e câmera frontal de 2 megapixels.
Na lateral direita ficam os botões de controle de volume e também de liga/desliga, deixando o outro lado livre de qualquer coisa.
Acima está a entrada para fones de ouvido e microfone secundário, para isolamento de ruídos. Abaixo temos o microfone principal, junto da entrada microUSB (que, por algum motivo, é instalada de cabeça pra baixo quando olhamos smartphones Android concorrentes).
Atrás de tudo fica a câmera de 13 megapixels, flash LED e o alto-falante, atrás de uma grelha que fica na parte inferior. A bateria fica logo abaixo da tampa, com 3.300mAh e é suficiente para até 28 horas de conversa ao telefone, mas que trabalha com o mesmo problema de autonomia que o Zenfone 5 sofre. Isso significa que em um dia de uso moderado, o smartphone reclamará de falta de energia antes de dormir. Ainda atrás, ficam entradas para chip da operadora e para cartões microSD de até 64 GB.
O Zenfone 6 é enorme e isso é um problema, até mesmo para quem tem mãos grandes. Ele consegue ser maior do que phablets de concorrentes, como o Galaxy Note 4 e o iPhone 6 Plus, da Apple. Seus números são: 166,9 milímetros de altura, por 84,3 milímetros de largura e 9,9 milímetros de espessura, tudo isso somado aos 196 gramas. Estes dados apresentam um phablet bem grande, pesado e que ocupa muito espaço em um bolso mais apertado - geralmente vai ficar visível, com a parte superior para fora do bolso.
Em bolsas, geralmente femininas, a situação é menos incomoda e mais confortável (até mesmo para o celular).
A ASUS não é uma empresa conhecida por poluir o Android, mesmo em tablets que já estão disponíveis para o consumidor no Brasil. O Zenfone 6, assim como já aconteceu com o Zenfone 5, não muda esta história e entrega uma versão do sistema operacional móvel do Google, com poucas mudanças drásticas e, melhor ainda, mudanças que não afetam o desempenho geral do dispositivo. As mudanças ficam por contra de uma tela inicial que acomoda relógio, agenda de compromissos e também a previsão do tempo - muito útil, sem exagero de cores ou de letras (algo raro com smartphones Android, quando não olhamos os Nexus e os Motorola recentes. Está longe do sonho purista de ter um Android limpo, como os Motorola recentes e todos os Nexus, mas está ainda mais distante da inutilidade de tantos recursos que alguns concorrentes instalam).
A ZenUI, nome da interface que a Asus utiliza em seus aparelhos, é agradável aos olhos em vários momentos. Desde a fonte utilizada na tela de bloqueio, passando para o espaçamento de ícones na tela de apps (que pode ser alterado) e até nos ícones alterados para um visual mais chapado e menos texturizado, muito bem criados e com uma sombra leve que não passa a sensação de relevo que temos em outros gadgets. De frente são cinco telas iniciais (podem ser de uma até sete, dependendo de sua escolha) que podem ser recheadas com apps e widgets. Um destes widgets é o de compromissos e que quando não há compromissos, avisa como será o dia (de acordo com a previsão do tempo).
A tela de notificações é dividida em duas partes. A primeira fica com as notificações e um botão para ir até a área de configurações, com outro para configurações rápidas. Puxando a mesma barra, só que com o dedo mais para a direita da tela, uma área de configurações rápidas é aberta. Nela, você tem desde o controle do brilho, modo avião e Wi-Fi, até mesmo a opção de limpar a memória RAM do dispositivo - com um gráfico bacana de quanto você está usando no momento, avisando quanto foi liberado logo depois da limpeza.
Nesta área temos uma adaptação da ZenUI para a tela grande do Zenfone 6. Nos atalhos há um botão, chamado "Modo uma Mão", que faz com que o Android adote um entre três tamanhos de tela diferentes: 4.3, 4.5 e 4.7 polegadas e, desta forma, a utilização com apenas uma mão é perfeitamente plausível. A tela diminui é possível escolher qual lado ela vai ficar (para melhor utilização em destros ou canhotos) e expandir novamente o display para a tela inteira. A área de apps também exibe a harmonia de cores entre ícones, junto da separação entre apps instalados e widgets - o que não é muito prático, mas mostra de forma mais lúdica quais widgets você tem. Desta tela é possível realizar uma busca universal dentro do dispositivo, modificar a ordem de exibição dos ícones e até alterar quantos ícones serão exibidos na tela ao mesmo tempo.
Dentro da parte de apps pré-instalados, temos um bem-vindo gerenciador de arquivos com suporte para armazenamento em nuvem (da Asus, Dropbox, Box.net e outros), um não tão útil "Espelho" (que apenas abre a câmera frontal, algo que você já faria com o app de câmera), previsão do tempo feita pelo AccuWeather, app de notas rápidas, a possibilidade de fazer com que as cores da tela fiquem mais quentes ou frias, junto de um app chamado PC Link, que só funciona com Windows e que permite o controle de tudo do smartphone, a partir do computador. Este controle vai além de notificações, passando até ao controle de apps com o teclado e mouse, como o WhatsApp e até o navegador de internet do smartphone. Além disso, temos o Kindle e um gerenciador de tarefas. Todos os apps próprios da Asus receberam o tratamento visual que lembra o Material Design, do Android 5.0 - tudo com cores chapadas, leves e sem texturas.
Por dentro temos um processador Intel Atom Z2560 dual-core 1,6 GHz, acompanhado de 2 GB de memória RAM e uma GPU PowerVR SGX 544MP2. Em testes práticos, todo o sistema operacional rodou muito bem e sem travamentos em qualquer momento. Quando comparamos com seu rival direto, o Snapdragon 400, este Intel Atom ganhou em todos os testes de benchmark.
O Zenfone não está em um patamar de desempenho que brigue direto com smartphones topo de linha, mas ao rodar jogos pesados (como Asphalt 8), encontrei uma das jogatinas mais fluidas e com sensação de alta taxa de quadros por segundo. Isso acontece apenas em aparelhos mais parrudos, algo muito raro em dispositivos que não custam muito ao bolso. Alguns detalhes ficaram de lado, o que garantiu tamanho desempenho no jogo. Um problema de processadores Intel foi solucionado, que é a compatibilidade com alguns jogos - como o Asphalt 8, que em alguns aparelhos com Intel, apresenta erros em texturas do jogo.
O player de música é bastante simples, segue o padrão de cores chapadas do smartphone inteiro e lembra - bem de perto - o que vimos no Google Play Música. Ele não faz nada além de reproduzir a música (nos formatos MP3, WAV e eAAC+), exibir a capa do álbum e oferecer um pequeno equalizador de som, que faz diferença até mesmo no alto-falante do smartphone.
Não há player de vídeo nativo da ASUS, mas você tem duas opções logo de cara para rodar seus vídeos: Google Play Filmes e a galeria de fotos do Android. Os dois são semelhantes e apenas reproduzem o arquivo, sem problemas. Consegui rodar um vídeo em Full HD, sem qualquer travamento.
A ASUS utiliza dois patamares para falar de sua câmera, dois patamares que são muito bons e que também podem ser um problema para o usuário. O primeiro é a capacidade de reunir quatro pixels em um só, para aumentar a quantidade de brilho e de detalhes da foto, com o nome de PixelMaster. Funciona muito bem e fotos noturnas ficam com brilho absurdamente alto, mas coloca fotos de 2 megapixels na memória, deixando de lado os 13 megapixels que estão no sensor da câmera - é mais ou menos o que a HTC faz em seus smartphones mais recentes.
O HDR também salva em fotos com grande diferença em detalhes, mas nas fotos que tiramos, os resultados foram de fotos com brancos estourados e exagerados, em grande parte das vezes. No geral a câmera é boa, melhor que quase toda concorrência próxima, mas poderia lidar melhor com o HDR e o PixelMaster entregar mais resolução - talvez com um sensor maior, para compensar o corte que o software faz.
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